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Steve Sarkisian e o regresso de um dos melhores ataques da história


De uma das unidades mais prolíficas da história da NFL para cinco quartos seguidos sem pontuar entre as semanas seis e sete. De uma média de 32,7 pontos por jogo nas oito primeiras partidas a uma de 21,7 nesse ano. O ataque dos Falcons, liderados por Matt Ryan, fascinou os fãs de futebol americano no em 2016, no entanto, o mesmo se tornou uma dor de cabeça nessa primeira metade de temporada, sendo o principal responsável pelo fraco 50% de aproveitamento nessas nove semanas disputadas.


Sem Kyle Shanahan, maestro do esquema que esbanjou criatividade e dinamismo, uma queda de desempenho já era esperada, até porque as defesas adversárias estudaram a franquia na offseason e uma mudança nunca é fácil, seja para os jogadores ou o novo coordenador. Ainda assim, o mesmo esquema foi mantido e tudo que Steve Sarkisian - nome indicado por Dan Quinn para dar continuidade ao trabalho - precisava fazer era repeti-lo, já tendo o perdão da torcida e staff por erros causados pela dificuldade na transição. Porém, essas falhas não chegaram a aparecer, pois até agora pouquíssimo desse ataque foi observado. Afinal, o que justifica todo esse regresso?



SIMPLIFICAÇÃO DO SISTEMA, PLANOS DE JOGO PREVISÍVEIS E CHAMADAS RUINS



Começando a lista das causas dos problemas, temos a simplificação do sistema de Kyle Shanahan e os péssimos planos de jogo montados até agora. Como apontado por Brian Billick, ex-treinador na NFL e vencedor do Super Bowl XXXV, os Falcons possuíam no ano passado um esquema complexo, repleto de mudanças antes do snap e com um posicionamento inteligente para perfurar as defesas adversárias. Nessa temporada, Matt Ryan e companhia mostram algo muito mais simplificado, com menos ajustes na linha de scrimmage e pouquíssima criatividade, tornando a unidade previsível e fácil de marcar, algo atestado pela permanente dificuldade dos recebedores em encontrar espaço.


Consequentemente, essa limitação também afeta o plano de jogo e as chamadas da equipe. Enquanto este ajustava-se para o adversário em 2017, hoje podemos perceber a repetição de inúmeras jogadas de passe ao longo das semanas, por exemplo. Para piorar, a tentativa de compensar essa falta de inovação vem gerando péssimas chamadas - ou até bizarras, como o jet sweep em uma quarta para menos de meia jarda contra os Patriots -, fator responsável pela declinante porcentagem de conversão de terceiras e quartas descidas (como amostra, o time terminou 4-12 e 0-3 contra os Panthers, respectivamente).



MAL USO DOS PRINCIPAIS JOGADORES E DA ROTAÇÃO



Se não bastasse todas dificuldades com o esquema em si, Steve Sarkisian também vem tendo problemas para utilizar da forma ideal suas peças. Julio Jones, alvo número um de Ryan, vem sendo pouco acionado em profundidade e na red zone, tendo anotado seu único touchdown nessa temporada na semana sete; Taylor Gabriel raramente tem sua velocidade utilizada e, na maioria das vezes, se encontra diante de duelos em qual perderá devido a falta de estatura; Devonta Freeman e Tevin Coleman estão recebendo menos atenção no jogo aéreo - durante o mesmo período de 8 jogos, foram 45 recepções em 2016 contra 35 em 2017 -, algo que facilita ainda mais a vida das defesas.


Em adição, o coordenador também não consegue replicar a distribuição do ano passado, centralizando cada vez mais o ataque nos seus principais jogadores.



DESORGANIZAÇÃO E TURNOVERS



Como resultado dos obstáculos citados acima, a desorganização e falta de entrosamento entre Ryan e seus recebedores vem se tornando um grande ponto negativo a cada partida. Em decorrência, vemos uma frequente má execução das jogadas, resultando em muitos passes errados, drops e turnovers, como a intercepção do último domingo contra os Panthers, quando Austin Hooper seguiu reto em sua rota ao invés de cortá-la como o camisa 2 previa. Em números, a queda no saldo de touchdowns e interceptações de 15 em 2016 para 4 atualmente resume bem o momento da equipe.


 

Analisando esses fatores, a principal conclusão que podemos chegar é que Steve Sarkisian, ao menos no momento, não possui capacidade para o nível exigido pela NFL. Tendo apenas um ano de experiência na liga - como técnico dos quarterbacks pelos Raiders, em 2004 -, o coordenador sempre esteve à frente de sistemas muito mais simples no College Football, onde só teve sucesso correndo com a bola, o setor dos Falcons que mais rende na atual unidade, e nunca apresentou muita criatividade e inovação.


Em sua defesa, muitos levantam que Shanahan também balançou no cargo devido ao seu mal desempenho e que Sark, assim como o atual head coach dos 49ers, precisaria de mais tempo para ajustar-se. Porém, há uma grande diferença nessa hipótese: enquanto Kyle, que já possuía seis anos de experiência como coordenador ofensivo na NFL, sofreu na sua primeira temporada em Flowery Branch pois estava implementando um esquema completamente diferente e muito mais complexo do que o elenco estava acostumado com Dirk Koetter, Sarkisian pegou todo esse trabalho pronto e foi contratado para apenas dar continuidade ao mesmo, solidificando assim a ideia de que o cargo está acima do seu conhecimento.


Por fim, em meio a todas as criticas e pedidos de demissão, apenas uma coisa podemos afirmar: dificilmente haverá uma troca no comando ofensivo dos Falcons até o fim da temporada; isso não só é incomum, mas também inefetivo, já que uma mudança não deva trazer muitos benefícios ou salvar o ano da equipe. Apesar disso, a pressão tornará complicada a permanência de Sark para 2018, portanto as próximas oito partidas serão cruciais para ganhar a confiança da torcida e mudar seu destino em Atlanta.



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